segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Entrevista da Semana - Alma

Ainda não terminou a época dos exames e orais na FDL, contudo já lá vai praticamente um mês desde que recomeçaram os treinos.
A nossa primeira entrevista de 2008, tal como prometido é com Diogo Boa Alma, o nosso Treinador. Já é a sua segunda época como treinador, mas nesta entrevista irá abordar, sempre com a sua frontalidade, temas do seu passado não só como treinador mas também como jogador. Convosco, Almovic!

- Futsal FDL (F): Alma, após 4 anos em que defendeste, com muita honra e qualidade a baliza do Futsal FDL, viste-te em 06/07 perante muitos dos teus antigos companheiros de equipa, na qualidade de Treinador. Como foi essa sensação?
- Alma (A): Foi uma sensação estranha para mim. Sempre fui um jogador muito interventivo e, como também tinha mais experiência que a maioria dos outros jogadores era visto como um dos líderes da equipa. Sempre quis ser treinador desta equipa pelo que ela significa para mim, fiquei muito contente com o convite e assumi o cargo para dar o meu melhor. Foi estranho treinar amigos e custa sempre preterir uns para colocar outros a jogar, mas tentei sempre ser imparcial como era minha obrigação e os verdadeiros amigos perceberam a minha função e separaram o Alma treinador do amigo Alma.

- F: Durante essa época decidiste tomar algumas opções que geraram alguma controvérsia, como passar caloiros a titulares, e “encostar” alguns veteranos. Arrependes-te ou achas que era um meio necessário para a renovação da equipa?
- A: Foi uma época difícil, sucedi ao Marco que além de treinador era a verdadeira alma e símbolo do futsal e a espinha dorsal do grupo tinha deixado de jogar, o plantel passou a ser constituido por mais caloiros que veteranos e mesmo os “veteranos” tinham 1 ano de equipa e quase não tinham jogado!
Acho que cometi vários erros por inexperiência e por ter falta de apoio e de um grupo forte para integrar os novos e suprimir as minhas lacunas, mas acho que numa altura de renovação tão grande era difícil fazê-la de uma forma mais gradual e penso que este ano tamos a conseguir colher mais frutos dessa aposta.


- F: Passando para a época presente, achaste por bem dividir o lugar de Treinador com o Celso. O que é que te levou a escolheres o Celso de entre todos os nomes possíveis?
- A: O ano passado senti-me só porque tinha muitos jogadores e era dificil aproveitar ao máximo os treinos e fazer a equipa evoluir o que podia com uma pessoa a ajudar e o Karel, apesar do esforço enorme que fez, não teve hipótese de me acompanhar como eu desejava.
Este ano precisava de alguém a tempo inteiro e qualquer meu ex-companheiro reunia condições para o lugar, mas pensei bastante e vi que o Celso era o que tinha as características que a equipa precisava e a nossa amizade e cumplicidade resolveria todos os problemas que surgem numa liderança bicéfala. O Celso dedica-se como ninguém em todos os projectos, foi um exemplo na sua forma de estar em campo pela garra, humildade, capacidade de superação e amizade aos companheiros e tem todas as condições para conseguir transmitir esses valores à equipa e a minha escolha não se poderia ter revelado mais acertada.


- F: Como já é o teu 2º ano como Treinador podes fazer esta comparação conscientemente. Em que patamar achas que a equipa está, a nível técnico, táctico, psicológico quando comparada com a realidade que se vivia em Janeiro do ano passado?
- A: Até há um mês atrás eu daria uma resposta, hoje dou outra. Penso que as derrotas no final do ano passado abalaram a confiança das pessoas, o que aliado à paragem para férias fez com que a equipa entrasse na época a jogar menos bem do que já fizera, mas depressa recuperou as suas rotinas com o decorrer dos treinos e, na minha opinião estava num grande momento antes do Natal, com maior cumplicidade entre as pessoas e um conhecimento mútuo que se reflectia na produção dentro de campo.
Com a alteração do calendário escolar via Bolonha, a equipa não faz um treino decente há mês e meio, as pessoas desleixaram-se nas férias e mostraram pouca dedicação à equipa ao não comparecer e isso vai-se reflectir no nosso jogo. Estou desiludido com a falta de dedicação, com honrosas excepções, e isso pode custar-nos os objectivos que tanto ambicionamos e que estavam ao nosso alcance!


- F: Falando do Futsal em si. Eras Guarda-Redes, posição fulcral na quadra. Quais são para ti os aspectos mais importantes (e pode servir isto como conselho aos teus “sucessores”) que um GR tem de trabalhar para desempenhar bem a sua função, que hoje em dia, além de ser defender as redes, passa também por organizar a equipa defensivamente e ser um importante vector no contra-ataque?
- A: A posição de guarda-redes é especial e temos de ser apaixonados por ela e pelo jogo em si para a escolhermos, pois é extremamente ingrata, todos podem falhar, menos os GR e isso é uma grande pressão. Por outro lado no futsal o GR é mais importante que no fut-11, é “meia equipa” porque é muito mais solicitado.
Penso que, para ser bom, um GR tem de perceber muito bem o jogo, tem de ter presença, colocação e agilidade, mas deve também ser um líder e ser respeitado pelos outros, porque tem de falar constantemente com os companheiros para corrigir a sua colocação e tem de ser ouvido por eles. Por outro lado, uma equipa confiante no seu GR tem mais capacidade para se libertar e jogar melhor futsal.


- F: Estamos envolvidos em 3 frentes: CUL, TUL e Taça ADESL. Quais são os objectivos e expectativas (e não falo aqui a nível de classificação, pois esses terão que ser vencer) que tu e o Celso têm traçados para a equipa em cada uma dessas competições?
- A: Devemos pensar em ganhar todos os jogos, jogo a jogo como se diz na gíria futebolística. De qualquer forma temos objectivos e eles passam sempre pela subida de divisão e pela vitória no TUL e na taça, sendo que nessas duas últimas competições queremos dar maior rotatividade e preparar o futuro da equipa, dando oportunidade aos mais novos e aos mais dedicados. Devemos sempre ser ambiciosos no desporto, pelo menos essa é a minha maneira de estar.

- F: Se tivesses que eleger, quais classificarias como o Melhor e o Pior momento que viveste na equipa como jogador, e a mesma coisa agora enquanto Treinador?
- A: Como jogador o melhor momento é impossível de destacar, foram tantos, foi cada treino e jogo que fiz pela equipa. Como piores momentos destaco lógicamente o jogo em que perdemos a subida de divisão no culminar de 4 anos de dedicação em que falhei aos meus melhores amigos na promessa que lhes fiz de subirmos juntos. Destaco também o último jogo que fiz, na Holanda, e o momento em que fui substituido e fui sozinho para um canto chorar como um menino por saber que era a última vez para mim!
Como treinador o melhor momento foi o dia em que dei o 1º treino e realizei esse sonho. O pior não foi a não subida de divisão, como se poderia pensar, porque fomos inferiores ao nosso adversário e a equipa é jovem, foi apenas o ano zero deste projecto, estamos em construção e vamos consegui-lo mais cedo ou mais tarde. O pior para mim foi a divisão que se viveu no balneário o ano passado, não é essa a nossa forma de estar e o espírito ímpar que aquela equipa sempre teve deve prevalecer sobre tudo mais.


Foi a primeira "Entrevista da Semana" de 2008. Como estou (novamente) lesionado não poderei estar nos treinos nas próximas semanas. Ainda assim tentarei pôr um novo testemunho para a semana. Abraço a todos, e até à próxima!

A Equipa de Futsal da Faculdade de Direito de Lisboa

3 comentários:

Anónimo disse...

Sei bem como te tens sentido, e sabes que eu partilho desse sentimento. Espero que no futuro as coisas corram como nós desejamos para a motivação ser maior. Abraçao e continua a empenhar-te como fazes porque só assim nos podemos "endireitar".

Anónimo disse...

Uma das pessoas que mais me apoiou na minha entrada no futsal. apesar de estar a pouco tempo na equipa ja te dou os parabens, pela motivaçao que nos transmites e pela crença que nos incutes em todos os treinos de que somos capazes do melhor. um grande obrigado

Anónimo disse...

faço minhas as palavras do takuara...saudoso abraço