Lobos ou cordeiros?

Terminada a carreira, brilhante a meu ver, dos Lobos portugueses no campeonato do mundo de rubgy, achei que devia escrever algo sobre aquele conjunto de jogadores que para mim formam uma verdadeira equipa, e aquilo que eu, enquanto jogador e um dos capitães, gostava que nós conseguíssemos ser...
Independentemente de toda a realidade que envolve a selecção nacional de rubgy, desde logo o facto de todos os jogadores serem amadores, a mensagem mais importante que aquela equipa deixou patente nos campos por onde jogou foi, não interessa contra quem vamos jogar, ou por quanto vamos perder, por vezes na vida temos de ser capazes de entrar em batalhas que já sabemos que vamos perder, mas que, ainda assim não podemos deixar de as travar porque são essas guerras "perdidas" que no futuro nos vão elevar a outro patamar, e quem sabe guiar-nos a outra vitórias.

Apesar das derrotas sofridas nos quatro jogos realizados, Os Lobos marcaram sem dúvida o mundo do rugby e do desporto em geral, a sua atitude em campo e fora dele, chocou e incomodou muita gente. Dotados de uma capacidade de combate, concentração e inteligência em lidar com o adversário incríveis, a nossa selecção provou que é no campo que se ganha, que o trabalho compensa e que todo o esforço e dedicação empreendido por eles nesta causa, dá frutos! E o que é facto é que, equilibrámos em muitas ocasiões jogos com equipas que vivem num outro mundo, com uma discrepância gigante para as mais pequenas, e em alguns casos até entre as maiores como é o caso da selecção da Nova Zelândia e mesmo assim nós tivémos lá, lutámos, jogámos gozámos aquele momento e honrámos a nossa camisola, provámos que é possível concretizar os nossos sonhos, provámos que vale a pena acreditar, ficou provado ao longo deste mês que "crer" é poder!

Era esta a mensagem que eu gostava de deixar à equipa, fazer ver que, acreditar é muito mais do que dizer "eu acredito", acreditar é sentir, é querer do fundo do coração, é saber que vou conseguir independentemente de tudo o resto...
Temos na nossa equipa bons exemplos de dedicação, sem querer esquecer ninguém, não posso deixar de referir o Hélio, que todas as quartas e sextas feiras vinha de transportes desde Setúbal para treinar, algumas vezes apenas com 3 ou 4 colegas, sem no entanto deixar de meter todo o seu empenho e dedicação naquilo que fazia, tal como o João Tudela que não faltou a nenhum treino durante todo o ano, e que apesar do seu mau temperamento, nunca o vi a ter uma atitude contra o bem da equipa, e todos sabemos o contributo decisivo que ele teve ao longo da época. Dei estes dois exemplos, mas toda a equipa é um exemplo por si, desde logo pela amizade que se esforçam por manter e implementar, antes mesmo de qualquer esquema táctico ou plano de treino, vocês são realmente um exemplo e espero que este ano não o deixem de ser, dentro e fora de campo.

Eu tenho orgulho em pertencer a este grupo, gostava que também nós, metessemos cá para fora um bocado do Lobo que vai dentro de cada um de nós e que a cada dia que passa continuemos a trabalhar com o mesmo rigor e intenção que o primeiro, para que possamos no fim dar rendimento a todo o potencial que a equipa tem, porque as vitórias e o trabalho de uma equipa está nisso, no rendimento máximo que conseguimos tirar das nossas capacidades, e felizmente capacidade e potencial é coisa que não falta entre nós.
A todos os que transitaram do ano passado para este, não desistam, não deixem de existir só porque vos apareceu uma contrariedade, seja essa um trabalho ou um jogador concorrente para o lugar, mais forte que vocês, se fazem parte da equipa é porque quem a comanda precisa de vocês, há pessoas que acreditam e confiam em vocês não os deixam ficar mal.

Será que cada um de nós está disposto a conehcer o significado da palavra entrega? Ou esta analogia com a selecção nacional de rugby é totalmente disparatada e aquilo não passa dum grupo de amigos que quer dar uns toques e fazer uns jantares?
A todos um abraço.

Tomás